Percebeu bem, é mesmo artificial (e não virtual) e está marcado para o final de Junho, com a marca registada da One Hundred.

É uma corrida inédita: O Campeonato Mundial Artificial de Corrida Mountain Trail decorre de 25 a 27 de Junho e vai simular uma corrida nos montes Dolomitas, nos Alpes italianos. Como? Graças à tecnologia avançada, que é exclusiva da One Hundred, e que promete revolucionar a corrida a nível global.

Em termos de semelhanças com uma corrida virtual como as que já conhecemos, tem apenas o facto de poder ser realizada em qualquer parte do mundo, através do registo numa aplicação. De resto, é em tudo uma ideia original que permite aos atletas, estejam onde estiverem, correrem em pé de igualdade uns com os outros.

À PRO RUNNERS, o CEO da One Hundred, João Andrade, explicou que em parceria com uma empresa de tecnologia americana, a IDERU, desenvolveram uma aplicação que permite criar a “assinatura de movimento de cada atleta”, reconhecendo se é ele que está a correr durante a prova. O sistema de inteligência artificial, chamado SARA, “já tem mais de 13.000 horas de alimentação, com dezenas de atletas de todo o mundo que já o testaram ao longo dos últimos 18 meses, e é capaz de identificar movimentos desconhecidos: se o utilizador do telemóvel está num skate, num carro, numa bicicleta ou até de patins!”, afirma.

Assim, eliminam-se possíveis fraudes, uma vez que a aplicação sabe efectivamente quem está a correr. Além disso, a tecnologia permite ver o «avatar» de cada um dos corredores no mapa (nas Dolomitas) com a sua progressão e ranking em tempo real, até 100 mil atletas. O algoritmo faz automaticamente a conversão da distância e da altimetria real percorrida por cada atleta e calcula o esforço que ainda tem de fazer, como se de uma prova real em cenário de corra nas Dolomitas se tratasse.

Para que se perceba melhor, um atleta que que pretenda realizar a prova de 100 milhas em terreno com um declive pouco acentuado, verá a distância ser ajustada pela aplicação, de maneira a fazer equivaler o esforço do atleta aos restantes que fazem a prova em desníveis maiores.

Aplicação

O evento compreende quatro segmentos: 10 milhas (16km com 1.000 D+), 25 milhas (40 km com 2.000 D+), 50 milhas (80 km com 4.000 D+) e 100 milhas (160 km com 8.000 D+), todos com prémios monetários para os vencedores masculinos e femininos. Na prova de 100 milhas, João Andrade avança ainda que “são atribuídas medalhas de ouro aos que terminem abaixo das 25 horas, medalhas de prata aos que terminem entre as 25 e as 35 horas e ainda medalhas de bronze a todos os que cheguem ao final da prova entre 35 e 54 horas”.

A prova está ainda numa fase de pré-registo, até 25 de Maio, mas conta já com atletas registados de 7 países diferentes. Até ao próximo sábado, o valor da inscrição está com 40% de desconto, sendo que daí até 23 de Junho o valor de desconto desce para os 30%.

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One Hundred 

A One Hundred nasce do sonho de João Andrade, empreendedor há mais de 13 anos, de colocar um foco na corrida de montanha, transformando-a num “formato que seja facilmente digerido pelo público e fazendo o melhor broadcasting do mundo para familiares e adeptos poderem acompanhar a competição. O nosso maior investimento é nisto, filmar em montanha é muito difícil”, mas resultará em “novas oportunidades, mais investimento e patrocínios no desporto”, declara.

Joao andrade

O agora ultramaratonista era, até há bem pouco tempo, apenas um homem de negócios que no que diz respeito a desporto não fazia mais do que as habituais “duas, três idas ao ginásio por semana”. Em finais de 2016, decidiu retirar o foco do trabalho, que lhe chegava a consumir “até 20 horas por dia”, e começou por pesquisar no Google as provas de endurance mais duras do mundo. Encontrou Badwater, nos EUA, e apontou agulhas para em 2020 ser um dos 100 seleccionados para lá estar a competir. O treinador, Tiago Aragão, que agora é sócio da empresa, chamou-o de “maluco”, mas acedeu a prepará-lo para a prova.  

A partir daí começou a treinar, a participar em provas, nacionais e internacionais, sempre de olho nas organizações, até que percebeu que havia um sem número de oportunidades de negócio no trail, nas ultramaratonas e na corrida de montanha. Em 2018, João Andrade, que foi o primeiro português a entrar no mercado bolsista de Londres, recebeu uma oferta de um investidor pela participação que tinha na empresa onde trabalhava, vendeu-a, e decidiu abrir a One Hundred, no intuito de criar o primeiro circuito mundial de trail de montanha.

Assim surgem as World Series, provas em vários países, organizadas por empresas subsidiárias da One Hundred, de maneira a fazer crescer toda a parte profissional do desporto. O grande objectivo, segundo João Andrade, é criar valor na modalidade, para que cada vez mais os atletas possam viver exclusivamente do trail. Entre os projectos está a criação de uma plataforma de registos para treinadores, nutricionistas e equipas de apoio, de forma a que estes possam oferecer os seus serviços e facilitar a vida (e os custos) a atletas que tenham de se deslocar para fora do seu país de residência para competir.

Para 2022 há já cinco países a integrar este circuito: Portugal, Brasil, Itália, Reino Unido e Estados Unidos da América. Em Portugal, a competição irá decorrer nos Açores e tem como Director de Prova Bruno Fernandes. Em 2023, estima-se que o número de países integrados continue a crescer para a África do Sul e Sudoeste Asiático.

Dentro de cada prova, haverá ainda uma «Special Stage», que João Andrade considera ser importante para cativar a atenção dos espectadores e “estimular a corrida”. Trata-se de um segmento de 10 quilómetros, com 1.000 D+, seguido de outro segmento de 10 quilómetros com 1.000 D-, com prémios monetários específicos só para esta parte da prova.

Para já, a One Hundred está concentrada na organização do Campeonato Mundial Artificial de Corrida Mountain Trail, no final de Junho, e João Andrade está a preparar-se para fazer, em Julho, a Badwater, nos EUA, para a qual foi seleccionado em 2020. É caso para dizer: primeiro objectivo - cumprido!

Autores
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Cátia Mogo