Jean-Paul Lares, à frente da organização do evento de Hiking em solo nacional, falou à PRO RUNNERS sobre a iniciativa.

De 31 de Agosto a 4 de Setembro, Portugal recebe, pela primeira vez, uma etapa do Highlander Adventure, em Melgaço. Este é um circuito mundial, que chega agora às paisagens nacionais, sob a égide da Fire! e com a PRO RUNNERS como media partner.

- Como surge a oportunidade de trazer para Portugal, pela primeira vez, o Highlander Adventure?

O conceito foi-nos apresentado por um cliente Fire!, interessado na actividade e na promoção da internacionalização do projecto, e rapidamente percebemos que Portugal reúne todas as condições para organizar um evento com estas características. Com o HIGHLANDER Melgaço acreditamos que podemos potenciar Portugal e Melgaço como destinos de referência para a comunidade de hiking, para benefício do turismo local, e com a prática de uma actividade saudável e sustentável, que permite experiências individuais únicas em comunhão com a natureza.

- Qual é o espírito deste evento?

O HIGHLANDER Melgaço é um desafio de proporções assinaláveis. São 120km num terreno que oferece alguma dificuldade, mas proporcionam uma oportunidade única para viver uma experiência inesquecível. O que propomos aos nossos participantes é a possibilidade de percorrerem algumas das paisagens mais extraordinárias de Portugal em plena autonomia, longe do ritmo das cidades, da poluição e do ruído, testando os seus próprios limites, mas sem que a necessidade de chegar primeiro perturbe a capacidade para absorver cada momento da sua viagem. O evento destina-se a quem queira desafiar-se a si próprio em comunhão com a natureza, de uma forma responsável e sustentável.

- Melgaço foi uma escolha quase óbvia para a organização não só pela beleza paisagística, como pela qualidade dos trilhos, num concelho que se intitula o mais radical do país. O que podem os participantes encontrar ao longo do percurso, na natureza?

Melgaço foi, de facto, a nossa primeira e única escolha. A proximidade com o Parque Nacional Peneda-Gerês, a diversidade da paisagem, a qualidade da oferta gastronómica e a especificidade da oferta turística no geral, aliadas à experiência do município em acolher eventos desta natureza, geraram em nós a perspectiva de um casamento perfeito. Em Melgaço, da extraordinária beleza do vale do verde Rio Minho, até à agrura da serra para lá do Planalto de Castro Laboreiro, os participantes vão poder observar por si próprios a forma como o terreno e o clima influenciam a paisagem, a vida animal e, até, a forma como a espécie humana se organizou para sobreviver e prosperar nestas condições. Pelo percurso que propomos, os participantes terão contacto com realidades diametralmente diferentes, com as espécies autóctones em estado selvagem e com os vestígios de uma relação com a civilização que remonta à ocupação Romana.

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- Todos os eventos Highlander Adventure contam uma história. Qual a história da edição nacional?

A história que queremos contar, ou melhor, que o percurso que propomos conta por si, é a da luta da humanidade pela sobrevivência numa altura em que a adaptação ao meio e a aprendizagem das condições para dele depender eram a única solução possível de organização social e económica. Em Melgaço o HIGHLANDER dá a conhecer o fértil vale do Rio, leva os participantes no caminho da Serra, até às portas do Parque Nacional Peneda-Gerês, para lá da Metrópole Neolítica do Planalto de Castro Laboreiro, onde somos “esmagados” pela presença dominante do granito e pelas condições agrestes que, no Inverno, tornam a subsistência quase impossível, antes de os devolver, lentamente, ao vale onde o granito é, gradualmente, substituído pelas vinhas do vinho Alvarinho, que é hoje o produto fundamental da economia local.

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- Quais são os principais desafios para a organização nesta primeira edição em Portugal do evento?

É impossível de esconder que a principal dificuldade é a promoção e concepção de um evento num contexto de pandemia e de incerteza quanto às medidas que vão sendo tomadas para a combater. Dito isto, e certo de que estamos a oferecer um desafio absolutamente saudável e que pode responder à necessidade de “sair de casa” em segurança que toma um pouco conta de todos nós, depois de um ano muito difícil, a realização de um evento numa extensão de terreno desta dimensão é sempre um desafio de relevo, mas com a preciosa ajuda da Câmara Municipal de Melgaço e a sua experiência e conhecimento do terreno, acreditamos que temos as melhores soluções para proporcionar uma viagem única em total segurança.

- Não sendo este um evento competitivo, mas sim de promoção de uma vida saudável, em contacto com a natureza, quais são as regras fundamentais a cumprir?

Há requisitos muito claros no que diz respeito ao equipamento que todos os participantes devem levar consigo, de forma a garantir a sua segurança e capacidade de subsistência, mas as regras fundamentais são as que definem a abordagem HIGHLANDER ao hiking: autonomia completa, ou seja, os participantes têm de dormir no terreno, sem auxílio de nenhuma estrutura pré-existente, providenciar a sua própria alimentação para além das quatro estações de apoio e abastecimento intermédio, e não podem deixar qualquer vestígio da sua passagem que afecte a paisagem. Resíduos zero, pegada zero!

- Quem é o público alvo deste evento?

O evento destina-se a todas as pessoas activas que tenham alguma experiência em caminhadas, trekking, trail ou actividades semelhantes, e que pretendam usufruir de uma oportunidade para, de forma organizada e segura, testarem os seus limites num ambiente de extraordinária beleza.

- Quem são as entidades envolvidas na organização do evento?

Para além da Fire!, que detém os direitos para Portugal e assume na íntegra a produção do HIGHLANDER Melgaço, contamos com a preciosa participação da Câmara Municipal de Melgaço, através da Discover Melgaço, e a WWF (World Wild Fund for Nature), através da ANP (Associação Natureza Portugal).

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- Que expectativas têm para o número de participantes?

Nesta primeira edição fizemos um esforço consciente para não estabelecermos uma meta para o número de participantes, não apenas pelo contexto de Pandemia que ainda estamos a tentar ultrapassar, mas pela vontade de nos concentrarmos na experiência que estamos a oferecer. O que queremos, mais do que um número elevado de entradas, é garantir que proporcionamos uma experiência verdadeiramente inesquecível, que permita o crescimento sustentado do evento e da sua organização.

Autores
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Cátia Mogo