O primeiro-ministro, Luís Montenegro, apresentou na quinta-feira, dia 20 de novembro, o Plano Nacional de Desenvolvimento Desportivo, aprovado em conselho de ministros que se realizou no Centro de Alto Rendimento (CAR) do Jamor.

O primeiro-ministro sublinhou que é fundamental “criar o hábito da prática desportiva para que ele se torne parte da rotina de todos e seja passado de geração em geração”. Os dados mais recentes mostram essa necessidade: de acordo com o Eurobarómetro de 2023, 73% dos portugueses dizem nunca fazer desporto e, em 2022, mais de 37% dos adultos tinham excesso de peso.

O novo Plano Nacional de Desenvolvimento Desportivo, pensado para os próximos 12 anos, está organizado em seis grandes eixos e inclui 44 medidas que articulam áreas como educação, inclusão, talento e alto rendimento, modernização das infraestruturas e sustentabilidade financeira. O objetivo, segundo o Governo, é transformar Portugal “num país ativo e saudável, onde o desporto seja um direito universal, um instrumento de inclusão e excelência e um elemento marcante da identidade nacional”.

Entre as medidas aprovadas está a renovação de várias infraestruturas do Complexo Desportivo do Jamor, num investimento total de 19,3 milhões de euros. Serão intervencionados espaços como o Complexo de Piscinas (3 milhões), instalações do IPDJ, ADOP, Museu do Desporto e Centro de Medicina Desportiva (2,5 milhões), além das futuras instalações dedicadas às seleções de râguebi (3,5 milhões). Também o alojamento para atletas de alto rendimento será profundamente remodelado, num investimento de 6 milhões.

Segundo a ministra da Cultura, Juventude e Desporto, Margarida Balseiro Lopes, muitas infraestruturas datam da década de 1940 e, apesar de terem sido ampliadas ao longo das décadas, não receberam a manutenção adequada. Um dos casos mais urgentes é o alojamento dos atletas, atualmente sem condições adequadas. A expectativa é que as obras avancem nos próximos dois anos.

Luís Montenegro explicou que o plano resulta da consulta a 120 entidades e cerca de 30 personalidades ligadas ao desporto, com base num estudo elaborado pela consultora PWC.

Aumento do investimento rumo a Los Angeles 2028

O primeiro-ministro afirmou que o investimento no desporto é agora uma “prioridade pública” sem precedentes. Dos 130 milhões destinados à execução do plano, 65 milhões já estão contemplados no Contrato-Programa 2024-2028 com o Comité Olímpico de Portugal — valor igualmente incluído no orçamento de 155,8 milhões previsto para o setor em 2026.

O Governo aprovou ainda 30 milhões de euros para preparar a participação portuguesa nos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028, um aumento de 30%. O programa paralímpico recebe um reforço de 12 milhões e o surdolímpico mais 3 milhões, um crescimento de 70% relativamente ao atual. As verbas serão transferidas até ao final de 2025, abrangendo todo o ciclo olímpico.

O financiamento do plano combina verbas do Orçamento do Estado, receitas do IPDJ e apoios de entidades como o Comité Olímpico e o Comité Paralímpico. Esta variedade de fontes pretende garantir estabilidade durante três ciclos olímpicos e permitir que cada medida tenha o financiamento adequado.

Montenegro lembrou que o impacto do desporto vai além dos resultados competitivos: os atletas são “um símbolo da identidade nacional” e inspiram a população a ser mais ativa. “Quanto mais bons exemplos tivermos, mais fácil será estimular a prática desportiva”, afirmou.

Investimento na formação de professores

Uma aposta essencial é a escola. O plano prevê 29,2 milhões de euros para formar educadores de infância e professores do 1.º ciclo. Para o primeiro-ministro, o desporto é mais do que saúde ou lazer — desenvolve criatividade, resiliência, espírito de entreajuda e capacidade de superação, valores que também impulsionam o desenvolvimento do país.

Para garantir o cumprimento das metas e o controlo do orçamento, serão criadas uma comissão interministerial e uma comissão técnica com até cinco elementos.

Leia o Comunicado do Conselho de Ministros na íntegra AQUI.