O atleta Pedro Reisinho foi representar a PRO RUNNERS na Maratona de Lisboa, que decorreu no passado domingo (8 de outubro).

Este não tem sido um ano fácil a nível físico, com uma intervenção cirúrgica no início do ano, para debelar uma hérnia inguinal e mais recente um estiramento no adutor da perna esquerda. Feitas as contas foram quase 3 meses de inatividade desportiva que subtraíram muitos kms aos que perspetivava contabilizar nesta altura do ano.

Por isso mesmo fiquei reticente ao convite do meu grande amigo Eduardo Carvalho para realizar o percurso da Maratona de Lisboa pela terceira vez.

E porque comigo a emoção muitas vezes sobrepõe-se normalmente à razão, mesmo sabendo que ia contra tudo o que vai nos compêndios; falta de preparação adequada e longo período de inatividade, o que acabei por fazer? Aceitei o convite!

A véspera da prova chegou e acabei por receber uma mensagem da organização da prova a dar conta da antecipação da mesma para as 7 da manhã. Aplaudo a decisão pela preocupação com os atletas face ao calor previsível, que apontava para os 21 graus celsius às 8h e 26 as 10.30h e porque nestes 7 anos que levo de alcatrão, com 12 maratonas e mais de 70 meias maratonas, corridas em Portugal e no estrangeiro infelizmente já me deparei com muitos atletas em falência física, alguns dos quais resultaram em morte, sou dos que defende que a integridade física de quem paga para correr se sobrepõe a quaisquer interesses de natureza comercial.

Apenas deixo um reparo para a hora tardia da decisão que acabou por deixar alguns atletas de fora, ou porque não viram a mensagem em tempo útil (sei de alguns casos que nem a chegaram a receber), seja porque moravam longe e já não conseguiram conciliar transporte com antecipação da hora das provas.

Eu, porque moro na margem sul tive de realinhar os preparativos, com despertador para as 4 da madrugada, de forma a garantir presença no 1.º comboio, com partida do Cais do Sodré às 5.15, porque tenho por hábito, mesmo na vida profissional, chegar com margem aos compromissos.

Aspeto curioso quando estacionei em Lisboa foi ter-me misturado com a “movida” da Capital e ir trocando alguns cumprimentos de circunstância com pessoal que saía das discotecas àquela hora e que olhava para mim como um extraterrestre de calções de licra que se apressava para a estação ferroviária. Alguns até me desejaram boa sorte para a prova!

Chegado a Cascais com tempo mais que suficiente para garantir os exercícios de aquecimento, lá me encaminhei para o bloco de partida respetivo (< 4h), porque não quis ser ambicioso face à minha condição física e atrapalhar quem corre mais rápido.

Partida à hora marcada e ainda de noite lá fomos os 6.000, estrada fora, iluminados pelas lanternas dos telemóveis de quem acompanhou ao longo do percurso os seus familiares e queria registar o momento.

Quis para mim percorrer a prova num ritmo entre os 5.30/5.35 pelo que tive de refrear os ânimos quando reparei que o 2.º km foi corrido em 5.09.

Não vou maça-los com as incidências do percurso, um dos mais bonitos em que já corri. Deixo apenas uma palavra de apreço para o reforço que postos de abastecimento ao longo do percurso e a instalação de 3 chuveiros que permitiram refrescar quem optou por fazê-lo (e que foi o meu caso).

Acabei a prova em 3h:47m:32s, com o ultimo km a 4:57, face ao boost oferecido pelos milhares de pessoas que encheram o Terreiro do Paço numa manhã magnifica para mais tarde recordar.

Boas provas a todos e um obrigado especial à Pro Runners Magazine por possibilitar-me a honra de representa-los nalgumas das mais emblemáticas provas do calendário nacional.

Autores
---
Pedro Reisinho