São irmãos, fazem parte do programa de responsabilidade social da Betano e dispensam apresentações no mundo da corrida e do triatlo. Miguel e Pedro Pinto correm pela inclusão no desporto e recentemente completaram o Ironman Brasil, mais uma prova de superação, desta vez além-fronteiras.

Pedro tem paralisia cerebral, mas nunca deixou que isso lhe limitasse os sonhos. Puxado e empurrado pelo irmão Miguel, juntos pretendem ser uma voz ativa para a sensibilização para a paralisia cerebral e inclusão no desporto.

Fazem provas de estrada e de triatlo e já são três os Ironman que levam na lista. O mais recente foi o Ironman Brasil, onde a superação e a causa que defendem viajou até Florianópolis.

“Foi duro, mas espetacular. Fazermos juntos um Ironman já é uma coisa fora do comum, mas chegarmos ao fim, depois da chuva, do vento e do muito frio que sentimos é inexplicável. O Pedro deu-me uma lição de querer e de vontade surreal. Perguntei-lhe várias vezes durante o percurso se queria desistir, mas ele disse-me sempre que não. Mais uma vez conseguimos provar que não há impossíveis e que o lugar do Pedro e dos «Pedros» desta vida é em prova, junto de todos os outros atletas”, vincou Miguel Pinto.

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Durante estes quatros anos de treinos, esforço e provas, Miguel adianta que os Iron Brothers - como são carinhosamente conhecidos - têm conseguido fazer o trabalho de aproximação das organizações à pessoa com deficiência e também têm conseguido adquirir mais cadeiras de rodas para atletas. Mas ainda há muito trabalho pela frente: “Mais do que trazer gente às provas, é tornar possível que todas as pessoas participem em todas as provas porque a inclusão é muito mais do que fazer um favor. Essencialmente, essa tem sido a nossa maior conquista: tornarmos mais normal a existência de cadeiras de rodas nas provas, pelo menos na região de Lisboa, que é onde fazemos mais corridas.”

O programa Heróis Betano arrancou em 2021 com seis atletas nacionais, incluindo os Iron Brothers. Miguel não esconde o orgulho em fazer parte deste grupo de «destemidos do desporto» apoiado pela empresa sediada na Grécia, mas com muitas provas dadas em Portugal.

“Fazer parte deste programa é um privilégio inacreditável. Mostra a confiança da Betano naquilo que fazemos e, acima de tudo, demonstra uma coragem gigantesca por estar do lado da inclusão. Os Heróis Betano começaram por apoiar seis causas e pelo menos três delas estavam ligadas à deficiência. Isso revela a importância que a Betano coloca em nivelar o mundo”, enalteceu o irmão mais velho, acrescentando ainda que “se não fosse a Betano, não conseguíamos competir nos estrangeiro, era impossível financeiramente. Por isso é um orgulho enorme fazermos parte de um projeto que não para de crescer e não deixa ninguém indiferente.”

Ironbrothers (3)

A luta é grande e o caminho ainda é longo, mas tudo é possível para estes dois irmãos atletas. A próxima grande ambição dentro da corrida é “sermos a primeira dupla do mundo a fazer as seis majors (Maratona de Londres, Maratona de Nova York, Maratona de Berlim, Maratona de Boston, Maratona de Chicago e Maratona de Tóquio).

Já dentro do triatlo, são dois os grandes objetivos: “Participar na Challenge Roth, que é a minha prova de sonho. Fazer a subida principal da Roth com o Pedro acho que vai ser o ponto mais alto da minha vida a seguir ao dia em que fui pai; a nossa outra meta é estarmos presentes no Ironman do Havai.”

Mas as ambições não ficam por aqui e baixar os braços nunca será opção para os Iron Brothers. “Gostaríamos de arranjar apoios para fabricar uma cadeira de rodas totalmente portuguesa para ser utilizada nas provas. Também é nosso objetivo conseguir colocar em todas as associações ligadas à paralisia cerebral em Portugal uma cadeira de rodas para o mesmo efeito. Outro sonho seria organizarmos uma pequena prova, um mini triatlo por exemplo, com um grande número de cadeiras de rodas”, rematou Miguel Pinto.

Artigo inserido na Pro Runners #18, que pode adquirir aqui, em papel ou em formato digital.

Autores
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Márcia Dores