Ergueram-se em 2018 em torno de um gosto comum e sobretudo para proporcionarem o bem-estar físico e mental dos colaboradores da empresa. São conhecidos por “Running Club Santa Casa” e todas as terças e quintas feiras, lá vão eles... Vamos conhecê-los?

A Pro Runners esteve à conversa com Cristiano Paes, um dos fundadores do Running Club Santa Casa, para dar a conhecer mais um grupo de corrida amador do nosso país, embora este tenha uma particularidade: é dedicado exclusivamente aos colaboradores da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que gostam de correr e também de conviver fora do local de trabalho.

O Clube nasceu a 27 de setembro de 2018 pelas mãos de Cristiano, na altura presidente da Casa do Pessoal da Santa Casa e do vogal do desporto, que já tinha em mente o projeto de criar um Clube de Corrida da Santa Casa. A ideia foi amadurecendo também com a ajuda da Direção de Comunicação da Santa Casa e começou a ganhar forma.

“Formámos o grupo pelo bem-estar das pessoas e para nos conhecermos. A Santa Casa também é uma empresa de solidariedade e temos muitas pessoas espalhadas pelos vários cantos de Lisboa. Na ação social, nos Centros, com os mais velhos, com os mais novos, temos os Jogos, temos a Saúde também, temos pessoas quase em todas as áreas. Essencialmente queríamos incentivar o bem-estar e juntámos o útil ao agradável. Levar o desporto até às pessoas”, vincou Cristiano Paes.

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Atualmente o Running Club Santa Casa, que conta com cerca de 25 membros ativos (o mais novo com 23 anos e o mais velho com 64), treina às terças (com dois treinos, um às 18h00 e outro às 19h00), e quintas-feira (somente um treino às 19h00), acompanhados por dois treinadores, que foram contratados externamente, que dão apoio, fazem planos e monitorizam cada atleta.

“O nosso ponto de encontro central é sempre no Cais do Sodré, depois costumamos fazer trajetos para Belém, ir e vir. Há grupos que fazem menos quilómetros porque não têm tanta capacidade, por isso uns vão até Belém, outros até às docas. Fazemos entre os 5 e os 10 km. Acaba por haver uma entreajuda entre todos e uma partilha de conhecimentos entre os mais novos e os mais velhos. Se não fosse o Clube, muitas das pessoas da Santa Casa não se conheciam umas às outras... Porque a Santa Casa tem muita coisa”, contou o atleta e fundador.

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Apesar de todos serem atletas amadores, currículo em provas é o que não lhes falta: “Costumamos participar em muitas provas aqui na zona (Lisboa). Às vezes no Porto também, porque temos delegação lá e também há um atleta da delegação do Porto, dos Jogos Santa Casa que também é do Clube”, referiu.

Para além das provas nacionais, alguns atletas do Clube também já competiram internacionalmente, como é o caso de Cristiano, que já viajou até Valência para uma prova, levando assim a camisola da Santa Casa além-fronteiras.

“Nas corridas, as pessoas vêm sempre perguntar-nos se somos da Santa Casa, depois a seguir perguntam-nos quais são os números do euromilhões (risos). Mas acham piada por ser um clube desta empresa”, confessou.

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Mas não se fazem provas sem treinos e quando questionado sobre o que os motiva a treinarem todas as semanas, a resposta foi imediata: “treinamos para melhorar a corrida e a nossa performance. Vamos fazendo todos aqueles treinos de séries, de mais ou menos quilómetros a pensar sempre nas provas. Já temos uns quantos atletas que já pensam nisto mais a sério. Depois os outros essencialmente é para fazerem algum tipo de desporto.”

E se pensa que só de desporto se resume este grupo de corrida amador, desengane-se. A par do esforço físico e dedicação à corrida, o Running Club Santa Casa também preza o convívio entre todos e normalmente não se fala de trabalho durante os treinos.

“Depois das provas normalmente fazemos um almoço para nos juntarmos todos. Já fizemos dois jantares de natal e outro de final de época. É uma animação. Nos treinos focamos essencialmente no desporto. Depois ficam uns quantos depois do treino a conversar e aí pode surgir o tema trabalho, mas é raro. Falamos sobretudo sobre desporto, nem interessa quem trabalha em quê e quais são os problemas. Ali é para desanuviar. O grupo até já serviu para juntar duas pessoas, que acabaram por casar, por isso é mesmo bom (risos)”, afirma Cristiano.

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O Clube veio trazer a corrida para a vida de muitos colaboradores, que antes nem praticavam qualquer tipo de atividade física: “Maior parte das pessoas dos que ainda estão como atletas ativos começaram por experimentar porque já faziam outro tipo de desporto, ou ginásio ou jogavam à bola e quando souberam do Clube, inscreveram-se e começaram a correr. Depois começaram a ter os seus próprios objetivos, que foram ganhando a pouco e pouco, começaram-se a interessar pela corrida e depois é difícil parar. Havia pessoas que não faziam qualquer tipo de desporto, depois começaram a correr, achavam que não conseguiam, mas às tantas já se queriam inscrever numa meia maratona.”

Para o futuro, o Running Club Santa Casa ambiciona continuar “firme e hirto”, trazer mais aficionados e sobretudo “ir crescendo a pouco e pouco no sentido de termos boas condições para toda a gente.”

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Dona "Gaby": a corredora mais experiente do Running Club Santa Casa

Chama-se Maria Gabriela (na foto acima), mas é mais conhecida por "Gaby". Tem 64 anos, é trabalhadora da Santa Casa há mais de 40 anos e é também o membro mais velho do grupo de Corrida da empresa.

Sempre gostou e praticou desporto, o futebol em particular. Foi jogadora federada em vários clubes, tendo sido campeã pela Fortis Elevadores e vice-campeã por Lisboa. Para além de jogar, Maria Gabriela foi também a primeira mulher árbitra em Portugal!

"Continuo em atividade na arbitragem com uma equipa de veteranos da alta de Lisboa. Também já estive com a Câmara de Lisboa, também em veteranos, porque quando deixei a arbitragem oficial, porque temos uma idade para abandonar, passei para a INATEL e depois a INATEL acabou também. Foi aí que fiquei ligada ao atletismo porque ia fazendo, de vez em quando, umas «corridinhas» e a partir daí nunca mais deixei", contou.

Pratica corrida desde os 35 anos, mas confessa que não é o seu desporto favorito. Fá-lo essencialmente para se manter ativa e entrou no Running Clube Santa Casa para mostrar que a instituição tinha alguém que também corria. Gosta essencialmente do convívio, da amizade e do espírito que se vive entre todos que dispensam algumas horas por semana para correrem juntos.

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Apesar de não ser o seu desporto de eleição, Maria Gabriela destaca-se pelas provas onde passa. Ocupa quase sempre o pódio no seu escalão e este ano venceu mesmo o Troféu de Cascais (femininos +60).

“Eu corro por gosto, porque isto não é nada oficial, não há competição... é só mesmo pelo convívio, só que eu tenho aquela pedalada que dá frutos no meu escalão e a possibilidade de ficar sempre nos 3 primeiro lugares. Até quando fiz uma entorse, continuei a correr e ganhei na mesma (risos). Eu não desisto”, vincou.

Caracteriza-se por ser uma pessoa muito alegre, muito bem-disposta e sempre na brincadeira, humor que leva sempre para os treinos, “que são uma animação”.

Ainda com genica “para dar e vender”, Maria Gabriela afirma: "Quero durar até aos 100 anos a correr."

Autores
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Márcia Dores