Quando consideramos a nossa corrida, o desejo de ir mais longe ou o desejo de ir mais rápido é o que nos move e o treino o processo para o atingir. Mais treino, melhores resultados. A grande maioria dos atletas amadores tem uma vida profissional e familiar que condiciona bastante a disponibilidade para treinar muito. Mas a quantidade de treino não é de todo determinante. É óbvio que as corridas mais longas são muito importantes para o desenvolvimento da nossa resistência aeróbia e para a adaptação progressiva, nomeadamente o sistema músculo-esquelético. Mas devemos concentrá-las como um objectivo semanal, a realizar apenas quando temos mais disponibilidade. Os restantes treinos da semana deverão concentrar-se em tarefas que privilegiam a qualidade do treino. Assim:

• Treinos mais curtos - mais adequados à nossa disponibilidade, mas que pela sua especificidade vão contribuir para corrermos mais rápido e/ou durante mais tempo.
• Treinos mais intensos - porque a intensidade é que nos torna mais rápidos e porque se a velocidade não for o nosso objectivo, estamos também a aumentar o nosso VO2Max, ou seja a nossa capacidade aeróbia. Estes treinos mais intensos podem ser treinos intervalados, de ritmo, de pista ou progressivos. Gosto muito dos treinos progressivos porque permitem ao atleta fazer um aquecimento adequado ao esforço, ganhar uma noção de ritmo/pace e não tendo períodos de descanso, trabalhar a resistência, pela especificidade de aumentar a intensidade sobre a fadiga acumulada. Seguem dois exemplos.

“Negative Kms”

basicamente o atleta começa num ritmo lento e a cada km, aumenta o ritmo de corrida em cerca de dez segundos. O treino tem a duração de uma hora e a ideia é terminar a um ritmo próximo do de uma competição de 10kms.

“Progressivo por patamares”

três blocos de vinte minutos cada, em que o primeiro será realizado num ritmo muito confortável (aeróbico ligeiro), o segundo num ritmo moderado (aeróbico intenso) e o terceiro a ritmo de competição de 10 kms.