A questão não é nova e faz parte das dúvidas de muitos atletas amadores: devo treinar com acompanhamento técnico personalizado ou não?

Se relativamente aos atletas profissionais e aos jovens me parece que a opinião é unânime, criada pela necessidade de acompanhamento presencial diário que permite o feedback imediato e controlo das tarefas e sessões propostas, em relação aos amadores, parecem existir diferentes opiniões e opções.

A vida familiar e profissional de um adulto está sempre, e bem, na linha da frente, sendo quase impossível o acompanhamento diário por parte de um treinador, pois as agendas são sobrecarregadas de tarefas e o acesso a determinadas instalações nem sempre é possível. E mesmo quando o é, por opção, muitos atletas preferem simplesmente treinar sem seguir um plano individualizado.

É verdade que existem actualmente milhares de planos publicados em revistas, sites, blogs e outros meios de comunicação, inclusive os planos detalhados de alguns dos melhores atletas do Mundo. Mas será que é uma decisão acertada seguir o que foi criado para outros? Será que o que foi planeado de forma generalista é mesmo uma solução?

Naturalmente que tudo depende do objectivo e do investimento pessoal que cada um está disponível a realizar numa preparação. Um atleta que corra apenas uma vez por semana ou tome parte em uma ou duas sessões de grupo, sem qualquer objectivo competitivo pode, na minha opinião, prescindir de um planeamento a médio-longo prazo devendo, no entanto, sempre que possível, tomar parte em actividades orientadas por profissionais que assegurem treinos estruturados e ajustem a carga e tarefas, individualmente, no momento de cada sessão.

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Quando entramos na área dos desafios pessoais, com ou sem classificações em vista, ou simplesmente para cortar aquela meta com que se sonha, não tenho dúvidas de que os atletas devem optar por um acompanhamento personalizado. Como em tudo na vida, é uma questão de opção, sabendo que as limitações financeiras são muitas vezes citadas como factor impeditivo para ser seguido um plano individualizado.

A preparação para uma corrida, com destaque para a meia maratona e maratona, envolve vários meses de preparação, aquisição de alguns equipamentos, inscrições e até viagens e alojamento, caso seja longe de casa. Todo este processo pode orçar entre algumas centenas de euros, até vários milhares, dependo do desafio e do local. Será que não fará sentido o investimento também contemplar um enquadramento técnico adequado?

Para aqueles que são fans de tecnologias e inovação, não hesito em dizer que a diferença entre uns ténis de 100 ou 300€ ou entre um dispositivo de GPS de 200 ou 500€, fará seguramente menos a diferença em todo o processo de treino e no resultado, do que efectuar as opções de aquisição de equipamentos mais em conta e aplicar a diferença num serviço de acompanhamento do treino de qualidade.

Também as lesões que podem surgir ao longo do processo de treino, caso sejam originadas por um planeamento desadequado, para além da frustração que provocam, implicam muitas vezes um custo elevado para recuperar do que poderia ter sido evitado com um planeamento do treino ajustado.Temos, felizmente, em Portugal, treinadores com qualidade, com experiência e com capacidade de resposta para todos os níveis competitivos e desafios. Confiem neles e aproveitem tudo o que de bom vos podem proporcionar.

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10 razões para ter um treinador

  1. Todos os atletas são diferentes e evoluem com ritmos diferentes;

 

  1. Cada atleta tem uma rotina familiar e profissional diferente;

 

  1. Dependendo da área geográfica onde reside e meios de treino que cada um tem ao seu dispor, o planeamento pode conter diferenças muito significativas e deve ser organizado de acordo com a realidade de cada atleta;

 

  1. Mesmo seguindo um planeamento bem estruturado, elaborado por um bom profissional, mas genérico, o feedback e reajuste da carga de treino e tarefas não existe, sabendo que é inevitável serem realizadas alterações e ajustes ao longo do processo;

 

5. A escolha dos desafios ou competições, sejam elas as competições principais, como também as que forem sendo integradas na preparação se for caso disso, pode ser dimensionada às reais características e possibilidades de cada atleta;

 

  1. A motivação e vontade nem sempre é a mesma, sendo muitas vezes interrompido um processo de treino porque ninguém estava lá no dia que é preciso dar aquela força anímica adicional;

 

  1. O nível de compromisso é maior quando existe uma relação directa treinador/atleta e o cumprimento do treino planeado tem uma maior percentagem de concretização;

 

  1. Ao confiar num treinador, o atleta vai poder focar a sua atenção nas outras áreas da sua vida, sem se preocupar tanto com o que fazer, quando e como;

 

  1. Os riscos de lesão ou de incorrer em excesso de treino são menores;

 

  1. Vai evoluir mais rapidamente e de forma mais segura, pois um bom planeamento deve ir evoluindo com a progressão real do atleta
Autores
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Sérgio Santos